segunda-feira, 28 de março de 2011

Genie - The Wild Child

O que faz de nós seres humanos? O que realmente distingue os homens dos animais? Como é um ser humano criado longe da influência da cultura e da sociedade?
Após a visualização do documentário ‘Genie – The Wild Child’ faz sentido reflectir sobre estas questões, pois, todo ele se baseia em obter respostas para todas elas.
O documentário dá-nos conhecimento de uma história verídica que se passou na década de 70. Resumidamente, mostra-nos a história de uma rapariga que passou praticamente toda a sua infância fechada num quarto, sem qualquer contacto com o mundo. Quando foi encontrada tinha 13 anos e, para além de ainda usar fralda, Genie, não caminhava normalmente e não produzia qualquer tipo de som. Isto devia-se ao facto de os progenitores recorrerem à violência para a manter em silêncio.
Após ser descoberta por uma assistente social, a jovem Genie foi levada para uma clínica infantil, onde, aí, se tornou o centro das atenções por parte de todos os que entravam em contacto com ela, ou que sabiam de existência do seu caso. Todo este interesse por parte da comunidade científica residia no facto de, este caso, poder dar resposta a uma das perguntas em cima referidas, ‘Como é um ser humano criado longe da influência da cultura e da sociedade?’.
Ao longo do documentário surgiram outras questões para além das já colocadas: Seriam os problemas de Genie consequência de maus tratos durante a infância ou um grande atraso mental de nascença? Conseguiria a Genie tornar-se uma pessoa normal? Há um tempo limite para as pessoas aprenderam a falar?
Apesar de inúmeros cientistas e médicos terem feito diversificados estudos, todas as questões colocadas não foram respondidas convenientemente. No entanto, tiraram-se muitas conclusões que, até aquela altura, nunca tinham sido provadas ou observadas. Exemplo disso foi o facto da pequena Genie ter criado uma ligação emocional com um dos cientistas que estudava o seu caso, pois ele estava constantemente com ela. Isso foi um indicador da sua evolução enquanto ser humano integrado numa sociedade e, foi também um indicador de que se poderia tornar numa pessoa normal.
Genie, ao longo do tempo, mostrou grandes progressos: pronunciava palavras e, às vezes conseguia dizer frases, ainda que mal compostas. Durante esta altura, a questão ‘Há um tempo limite para as pessoas aprenderam a falar?’ foi posta em causa. Também aprendeu a falar por linguagem gestual, pois, após os médicos assistirem ao filme sobre um outro menino selvagem, Victor, decidiram que seria melhor não a sobrecarregarem com a fala.
Tudo corria bem, mas, no entanto, os fundos que lhes eram fornecidos para continuarem a estudar o caso desta menina selvagem foram cortados, e, isso fez com que a família adoptiva de abdicasse da adopção.
Assim, cinco anos após Genie ter sido descoberta, os estudos feitos até então foram terminados. Ela foi viver com a mãe, mas, isso, tal como em todas as outras famílias que a adoptaram, não durou muito tempo. Genie andou em muitos lares, até que, num deles, foi severamente castigada por ter vomitado, e, a partir daí, não voltou a falar, com medo. Assim, voltou para a clínica infantil.
Na minha opinião, todos os atrasos que se verificavam na pequena Genie deviam-se aos muitos anos em que esteve isolada do Mundo, sem qualquer tipo de contacto com pessoas, logo, sem qualquer tipo de aprendizagem. Tendo em conta que há 200 anos, Victor tinha sido encontrado em circunstancias parecidas e apresentavam sintomas muito semelhantes, seria demasiada coincidência ambos terem um factor genético a determinar um atraso nas suas aprendizagens. Relativamente à teoria de que há um tempo limite para se aprender a falar, estou de acordo. Apesar de Genie ter aprendido muitas palavras e, de conseguir comunicar significativamente com as suas famílias de adopção, não podemos dizer que Genie aprendeu realmente a falar e, penso que, por muito tempo que tentassem que ela falasse, ela nunca iria falar como uma pessoa normal, ou seja, como uma criança que aprendeu a falar na idade em que era suposto. Para terminar, penso que todos os estudos a que Genie foi sujeita foram exagerados e, isso pode ter influenciado a sua evolução. Na minha opinião, tentaram incutir-lhe demasiada informação só com o intuito de poderem investigar e responder a determinadas questões que foram propostas, esquecendo-se de que ela se tratava de um bebé, de uma criança pequena que precisava de tempo e espaço para poder aprender a viver; puseram a investigação à frente do seu bem-estar. 


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