domingo, 29 de maio de 2011

Experiência Precoce

Freud afirmava que o desenvolvimento da personalidade era produto das experiências vividas na infância, neste sentido foram concebidas escolas com o objectivo de melhorar o crescimento emocional e pessoal nestas idades.
Os defensores do meio como factor preponderante na formação da personalidade, em oposição aos defensores da hereditariedade, propunham que o homem aprende a seguir um estímulo apenas se este lhe for apresentado durante um período de tempo crítico.
 
Os estudos de Nancy Bayley
Nancy Bayley estudou o crescimento e desenvolvimento humano, tendo retirado desses estudos as seguintes conclusões:
·         Os QIs não são constantes, existe uma variação considerável do QI ao longo do tempo;
·         A variabilidade do QI é maior durante os primeiros anos de vida, a estabilidade do QI é proporcional à idade;
·         A capacidade intelectual pode crescer durante toda a vida, não estagna no fim da adolescência pode aumentar pelo menos até aos cinquenta anos, a capacidade intelectual cresce se for estimulada a tal;
·         As estruturas intelectuais mudam com a faixa etária;
Curva do crescimento intelectual de Benjamin
Benjamin Bloom traçou a curva de crescimento com aceleração negativa para o desenvolvimento intelectual, o que significa que com a idade as capacidades intelectuais tendem a aumentar a um ritmo mais lento.
Este mesmo autor afirma a importância da experiência precoce no desenvolvimento cognitivo, e realça que com seis anos de idade, dois terços da nossa capacidade intelectual já está formada
Bloom conclui que não só um ambiente privado de estímulos enriquecedores afecta o desenvolvimento intelectual, como também o facto de se deixar passar um período crítico de desenvolvimento intelectual.

Hunt: Privação de estímulos vs Restrição motora
Hunt por sua vez afirmou que a privação precoce de estímulos pode afectar o desenvolvimento motor normal, mais do que a restrição motora precoce. Insiste que a variedade de estímulos é crucial para o desenvolvimento intelectual. No entanto é necessário ajustar o nível de complexidade ao desenvolvimento da criança de modo que constitua um desafio possível.
Perspectiva de Piaget quanto à aquisição de conceito
Piaget formulou uma teoria acerca de como as crianças aprendem a formar conceitos. Esta teoria sugere que aprendem um conceito, considerando-o uma entidade isolada do meio.
Exemplo: uma criança que reconhece que a quantidade de líquido existente em dois copos de largura diferentes pode ser o mesmo independente da altura que atingem em cada um dos copos, já adquiriu o conceito de volume, contrariamente à criança que pensa que o copo que contém mais água é aquele cujo nível da água é mais alto independentemente da sua largura.

Bases Biológicas
Donald Hebb propôs um modelo teórico da organização da actividade neuronal, que sugeria que essa organização dependia da estimulação ambiental. Assim realçou a importância da experiência precoce no desenvolvimento, especialmente no desenvolvimento cognitivo, pois viu o cérebro como algo desorganizado que se organiza lentamente à medida que é estimulado.

Estimulação Ambiental
É necessária uma estimulação ambiental para que ocorra um desenvolvimento fisiológico apropriado, visto que o aparelho perceptivo e neuronal não se desenvolve automaticamente.
Joseph Altman desfiou a perspectiva tradicional de que as crianças recém nascidas possuem todos os neurónios que alguma vez terão.
Austin Riesen também demonstrou que o aparelho sensorial deve ser estimulado para que se desenvolva de forma apropriada. Realizou experiências com gatos e com chimpanzés, criando-os na completa escuridão o que provocou em ambas as espécies danos permanentes no aparelho visual, embora nos gatos esses danos tenham sido menos severos. Este facto revela que a estimulação é mais importante à medida que progredimos na escala filogenética.

O Berço de Skinner
Skinner, comportamentalista, pedia aos pais para criarem os filhos na sua invenção de 1945, o Berço de Skinner. Era um compartimento com temperatura controlada, livre de germes, à prova de som, onde o bebé podia dormir sem cobertores (ou qualquer roupa, a não ser uma fralda), aqui o bebé tinha menor probabilidade de se constipar ou de sofrer de erupções da pele. Contudo, neste berço o bebé contacta com um ambiente constante, podendo não lhe proporcionar uma variedade de estímulos enriquecedora, importante para o desenvolvimento intelectual.

Programas de Intervenção Precoce
Os proramas de intervenção precoce têm o objectivo de preparar melhor as crianças de níveis sócio-económicos desfavorecidos para conseguirem atingir maior sucesso escolar. Após experimentações, estes programas revelaram produzir os seguintes efeitos:
·         melhores classificações;
·         menos reprovações;
·         menos faltas;
·         menos alunos enviados para ensino especial;
·         maior número de pessoas a ingressarem no ensino secundário;
·         mais pessoas a prosseguirem estudos após o ensino secundário;
·         menos delinquência;
·         maior emprego;
·         menor dependência de programas de assistência;
·         menos detenções pela polícia;
·         menos mulheres grávidas antes do casamento;
·         maior preocupação em ajudar família e amigos.

Desenvolvimento ao logno da idade adulta - Desenvolvimento Psicosocial

Erikson
Desenvolvimento psicossocial
Erikson dá particular importância aos aspectos sociais e culturais no desenvolvimento da personalidade. Assim, este professor alemão, apesar de ser discípulo de Freud discorda em 4 pontos fundamentais da sua teoria:
1-   Valorização exagerada da energia libidinal como chave explicativa do desenvolvimento;
2-   Redução do desenvolvimento aos períodos que decorrem da infância à adolescência;
3-    Subestimação das interacções indivíduo-meio;
4-    Privilégio concedido à vertente patológica da personalidade.
Na teoria psicossocial de Erikson o conceito de crise é fundamental para a construção da personalidade Erikson defende que a personalidade se desenvolve através das vivencias dessa “crises”. A resolução de uma crise em determinado estádio torna o indivíduo mais seguro na relação consigo mesmo e com os outros. O psicólogo alemão designa ainda como virtudes o que cada pessoa ganha com a resolução positiva de uma crise.
Os 8 estádios da teoria do desenvolvimento psicossocial:
1-    Confiança/desconfiança. Ocorre desde o nascimento até aos 18 meses de vida. Através da relação com a sua progenitora o bebé ganha ou não confiança em si mesmo e na relação com os outros. As virtudes que resultam desta crise são a esperança e o impulso.

2-    Autonomia/vergonha e dúvida. Ocorre desde os 18 meses até aos 3 anos. As crianças neste estádio sentem a necessidade de explorar o seu corpo e o meio que os rodeia, no entanto já se tem de cingir a determinadas regras impostas pelos pais e pela sociedade. As virtudes que resultam desta crise são a força de vontade e o autocontrolo.

3-    Iniciativa/culpa. Ocorre entre os 3 e os 6 anos. Este estádio vem na sequência do anterior. A virtude que resulta desta crise é a tenacidade.

4-    Indústria/inferioridade. Ocorre desde os 6 anos até aos 12.Este é o ultimo estádio antes da adolescência onde a criança faz grandes aprendizagens quer ao nível académico quer ao nível social. A virtude fundamental que resulta desta crise é a competência.

5-    Identidade/confusão de identidade. Ocorre durante a adolescência. Este é o período ao qual Erikson atribui maior importância por ser o período da vida que faz a ponte entre a infância e a idade adulta. Neste estádio o adolescente adquire a sua identidade psicossocial. As virtudes que resultam desta crise são a lealdade e a fidelidade.

6-    Intimidade/isolamento. Ocorre entre os 20 e os 35 anos aproximadamente. Neste estádio os jovens sentem a necessidade de estabelecer relações de intimidade, sejam elas amorosas ou de amizade. As virtudes desta crise são o amor e a filiação.

7-    Generatividade/estagnação. Ocorre entre os 35 e os 60 anos. Neste estádio o individuo pretende a sua afirmação pessoal quer no trabalho quer ao nível familiar. Sente a necessidade de olhar pela geração futura. As virtudes desta crise são o cuidado, ajuda aos outros e a produção.

8-    Integridade/desespero. Ocorre a partir dos 60 anos. Esta etapa reflecte-se no balanço que cada pessoa faz da sua vida. As virtudes são a sabedoria e a renúncia.

Desenvolvimento ao longo da idade adulta - Maturidade

“A verdadeira maturidade é atingir a seriedade de uma criança brincando." (Søren Kierkegaard)
O tema da maturidade despertou-nos algum interesse, pois achamos que existe alguma discrepância entre as pessoas, no que elas acham que esta é e a idade em que é atingida.
Em termos legais, em Portugal, a maturidade é atingida aos 18 anos (idade em que se pode tirar a carta, etc.), no entanto, nos Estados Unidos da América, a partir dos 16 os jovens já podem conduzir, e apenas podem consumir álcool a partir dos 21. Isto prova como em cada cultura, as pessoas acham que é atingida em diferentes idades.


Mas afinal, o que é a maturidade?

Existem vários factores que levam as pessoas a dizerem que alguém já é maturo ou adulto, morar sozinho, ter um emprego, ter um filho, no entanto diversos estudos vieram afirmar que para isto acontecer é necessário haver uma mudança de personalidade, levando a que uma pessoa se torne mais independente, sem medo da solidão e responsável.
Deste modo, não existe uma idade certa para nos tornarmos maturos, alguém de 31 anos não é mais maturo que alguém de 25, tudo depende das vivências e da própria pessoa em si, da modificação desta perante cada situação.
Em termos sociais podemos usar os relógios biológicos para nos orientarmos. Estes indicam-nos se estamos a progredir demasiado devagar, ou depressa em termos de eventos sociais. Se fizermos algo cedo ou tarde demais o nosso stress ao realizar esse algo vai ser maior. A rigidez dos relógios biológicos tem vindo a diminuir nos últimos anos e existe uma maior flexibilidade dos mesmos de acordo com a classe social: quanto maior esta for maior será a flexibilidade.